Fazendo o melhor, mesmo sendo diferente.

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Quinta-feira passada, dia 23/01, foi mais um dia em que fui pegar ônibus para ir ao trabalho. Quando eu estava a uns 200 metros da parada, vi o ônibus que eu ia pegar parando no ponto. Essa é aquela hora que você tem que se decidir: ou assume que perdeu o ônibus, afinal não vai dar tempo de chegar a tempo, ou lembra que vai se atrasar demais se perdê-lo e resolve dar a vergonhosa corridinha pedindo pro motorista esperar por você. Escolhi a segunda opção e tive sorte do motorista ser gente boa.

Dessa vez eu ia ter que me contentar em viajar em pé mesmo, pois o ônibus já estava enchendo e não tinha mais onde sentar. Mas pra quem já conseguiu pegar o ônibus, nem ia reclamar, já tava de bom tamanho. Como sempre resta aquela esperança de que pode ter algum assento vazio, dei uma olhada no ônibus todo para ver se tinha algum lugar vago e me deparei com essa cena:



O cidadão da foto não se conformou em levar sol quente no rosto durante toda a viagem e preparou uma espécie de mini-toldo na janela do ônibus, usando uma camiseta presa com pedaços de fita isolante.

Num primeiro momento, fiquei pensando que neste mundo "tem gente pra tudo". Mas depois concluí que aquele senhor estava sendo mais esperto do que todos os que estavam sentados daquele lado do ônibus, a despeito de parecer engraçado ou ridículo para alguns. Esse é o tipo de pessoa que não fica esperando e lamentando por um problema, mas procura fazer algo para resolver ou ao menos contornar uma situação adversa. Se eu fosse um empregador, esse seria o tipo de pessoa que eu gostaria de ter na minha empresa. Se já trabalhasse pra mim, daria uma promoção!

As outras pessoas poderiam estar achando engraçado (como eu) ou talvez ridículo, mas o fato é que todos os outros ali sentados estavam tomando sol quente e ele não.

Em alguns momentos da vida, nós precisamos tomar atitudes ou ações que pra muitas pessoas podem parecer ridículas, mas que lá no fundo você sabe que é o melhor. Muitas vezes é preciso medir bem até mesmo conselhos que recebemos, mesmo de pessoas que nos amam. É preciso analisar com calma para tomar a melhor decisão e posteriormente uma melhor forma de agir numa determinada situação.

Se baseado em algum bom princípio  você percebe que algo é certo e bom para se fazer, mesmo que outras pessoas não levem a sério, tenha a coragem de se posicionar. O cidadão do ônibus pode ter sido falado por muita gente, mas chegou no seu destino sem tomar sol quente.

"E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus". Romanos: 12:2

Chicletes e bom ânimo por 2 reais

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Vez ou outra vou de ônibus para o trabalho para deixar o carro com minha esposa, quando ela precisa resolver algum problema durante o dia. Não vejo problema nenhum nisso, pois quando ando de ônibus quase sempre presencio situações ou histórias que merecem ser contadas (ou escritas num blog).

Hoje, uma segunda-feira meio nublada, peguei o ônibus de manhã com a disposição que uma segunda-feira pode oferecer, ou seja, muito pouca. Cheguei na parada bem na hora que meu ônibus estava chegando, poderia ter perdido, mas peguei. Digamos então que isso foi bom.

Pouco tempo depois, ouvi a voz de um senhor dentro do ônibus que parecia estar conversando com alguém, mas depois percebi que ele estava vendendo alguma coisa. "Hora do lanche!", dizia ele com empolgação. "Promoção relâmpago! Tem paçoca, amendoim, halls, tudo original!" Uma senhora riu quando ele disse isso, mas não foi suficiente para fazê-la comprar algo.

Eu estava sentado na parte da frente, logo após a catraca, então quando fui olhar pra trás pra ver quem era, percebi que ele já estava bem próximo de mim, um senhor de bigode com alguns cabelos brancos bem penteados, calça jeans e camisa social quadriculada. Ele dava bom dia a cada pessoa do ônibus, sem ter resposta. Quando se dirigiu a mim, acenei o "bom dia" com a cabeça.

Nesse momento me senti mal pela indiferença das pessoas, inclusive da minha indiferença. Após uma certa insistência dele, a cobradora aceitou uma paçoca que ele estava vendendo, no que ele entregou-lhe três paçocas. Foi então que cutuquei o braço dele e perguntei:

- Quanto é o chiclete?
- Custa 1 real, mas na promoção eu faço 3 cartelas por 2 reais! Vale mais a pena!

Aí eu pensei "putz.... Eu sabia que o chiclete era 1 real, o preço costuma ser esse... era o que eu tava disposto a pagar, agora ele quer que eu pague 2 reais? E o que eu vou fazer com tanto chiclete?..."

Logo depois que pensei isso, me veio duas perguntas na mente: 2 reais vão me fazer tanta falta hoje? E quanto vale 2 reais pra esse senhor, que aparentemente não vendeu nada neste ônibus até agora?

Tirei os 2 reais da carteira, ele agradeceu e disse que eu poderia tirar as cartelas de chicletes de uma cesta que ele carregava. Tirei 2 cartelas de hortelã e uma de uva. Ele conferiu com o olhar e tirou panfletos do bolso. "Deus te abençoe!" disse ele enquanto me entregava um dos panfletos, um folheto com mensagens bíblicas. Ele ofereceu também para uma senhora que estava ao meu lado, que aceitou prontamente. Outras pessoas ao redor pediram também o folheto, para saber do que tratava.

Ele ficou satisfeito com isso e disse: "Sempre tem pessoas interessadas em ouvir a Palavra de Deus".

O que tenho a dizer sobre essa história, é que valeu a pena comprar aqueles chicletes. Ver aquele senhor com tanta disposição para trabalhar e para falar de Deus às pessoas, numa manhã nublada de segunda-feira, me ensinou muita coisa.

O preguiçoso deseja e nada consegue, mas os desejos do diligente são amplamente satisfeitos. Provérbios 13:4